Em termos biológicos a espécie humana teve início por volta de 6 bilhões de anos atrás quando uma linhagem de primatas dividiu-se em duas. Uma, evoluindo, eclodiu no símio chamado chimpanzé, e a outra, no Homo sapiens, o homem contemporâneo. Mas, por que razão a ciência ficou atônita após mapear os genomas destes dois seres? Porque averiguou que os quadros genéticos são quase idênticos, ou seja, a diferença entre o macaco e o homem é de apenas 0,6%.
Como ela explica, então, o fosso cognitivo existente entre estes "primos"? Não explica, porque para ela nada existe além da matéria. Deste modo, constatar que, enquanto o homem, ao longo de seu caminho evolutivo, passando por várias etapas (Hominoide (Procônsul e Kenyapiteco) de 22 a 14 milhões de anos atrás. Hominídeo (Australopiteco afarense e Australopiteco africano) há 3 milhões de anos. Homo habilis de 2 a 1.5 milhões de anos atrás. Homo erectus até há 150 mil anos. Neandertal há até 30 mil anos e finalmente o Homo sapiens), desenvolveu um cérebro que o tornou único entre todas as criaturas, enquanto o chimpanzé, que descende dos mesmos ancestrais, permaneceu um primata, permanece uma pergunta sem resposta. Aliás, não uma, duas: como surgiu a vida no Planeta Terra e qual foi o "milagre" que no processo evolutivo transformou um primata, um ser totalmente irracional, em um indivíduo inteligente?
DECODIFICANDO ENIGMAS
Procurando fixar ideias seguras acerca da evolução dos seres, será preciso remontarmos de algum modo aos primórdios da vida na Terra, quando mal cessavam as convulsões telúricas, pelas quais os Ministros Angélicos da Sabedoria Divina, com a supervisão do Cristo de Deus, lançaram os fundamentos da vida no corpo ciclópico do Planeta.
A matéria elementar, de que o eletrão é um dos corpúsculos base, na faixa de experiência evolutiva sob nossa análise, acumulada sobre si mesma, ao sopro criador da Eterna Inteligência, dera nascimento à província terrestre, no Estado Solar a que pertencemos, cujos fenómenos de formação original não conseguimos por agora abordar em sua mais íntima estrutura...
A imensa fornalha atómica estava habilitada a receber as sementes da vida e, sob o impulso dos Génios Construtores, que operavam no orbe nascituro, vemos o seio da Terra recoberto de mares mornos, invadidos por gigantesca massa viscosa a espraiar-se no colo da paisagem primitiva. Dessa geleia cósmica, verte o princípio inteligente, em suas primeiras manifestações.
Trabalhadas, no decurso dos milénios, pelos operários espirituais que lhes magnetizam os valores, permutando-os entre si, sob a ação do calor interno e do frio exterior, as mônadas celestes exprimen-se no mundo através da rede filamentosa do protoplasma de que se lhes derivaria a existência organizada no Globo constituído. Séculos de atividade silenciosa perpassam, sucessivos...
Aparecem os vírus e, com eles, surge o campo primacial da existência, formado por nucleoproteínas e globulinas, oferecendo clima adequado aos princípios inteligentes ou mônadas fundamentais, que se destacam da substância viva, por centros microscópios de força positiva, estimulando a divisão cariocinética. Evidenciam-se, desde então, as bactérias rudimentares, cujas espécies se perderam nos alicerces profundos da evolução, lavrando os minerais na construção do solo, dividindo-se por raças e grupos numerosos, plasmando, pela reprodução assexuada, as células primevas, que se responsabilizariam pelas eclosões do reino vegetal em seu inicio. Milénios e milénios chegam e passam...
Sustentando pelos recursos da vida que na bactéria e na célula se constituem do líquido protoplásmico, o princípio inteligente nutre-se agora na clorofila, que revela um átomo de magnésio em cada molécula, precedendo a constituição do sangue de que se alimentará no reino animal.
O tempo age sem pressa, em vagarosa movimentação no berço da Humanidade, e aparecem as algas nadadoras, quase invisíveis, com suas caudas flexuosas, circulando no corpo das águas, vestidas em membranas celulósicas, e mantendo-se à custa de resíduos minerais, dotadas de extrema motilidade e sensibilidade, como formas monocelulares em que a mônada já evoluída se ergue a estagio superior.
Todavia, são plantas que até hoje persistem na Terra, como filtros de evolução primária dos princípios inteligentes em constante expansão, mas plantas superevolvidas nos domínios da sensação e do instinto embrionário, guardando o magnésio da clorofila como atestado da espécie.
Sucedendo-as, por ordem, emergem as algas verdes de feição pluricelular, com novo núcleo a salientar-se, inaugurando a reprodução sexuada e estabelecendo vigorosos embates nos quais a morte comparece, na esfera da luta, provocando metamorfoses contínuas, que perdurarão, no decurso das eras, em dinamismo profundo, mantendo a edificação das formas do porvir.
Mais tarde, assinalamos o ingresso da mônada, a quem nos referimos, nos domínios dos artrópodes, de exosqueletos quitinoso, cujo sangue diferenciado acusa um átomo de cobre em sua estrutura molecular, para, em seguida, surpreendê-la, guinada a condição de crisálida da consciência, no reino dos animais superiores, em cujo sangue - condensação das forças que alimentam o veículo da inteligência no império da alma - detém a hemoglobina por pigmento básico, demonstrando o parentesco inalienável das individuações do espírito, nas mutações da forma que atende ao progresso incessante da Criação Divina.
Das cristalizações atómicas e dos minerais, dos vírus e do protoplasma, das bactérias e das amebas, das algas aos vegetais do período pré-câmbrico aos fetos e às licopodiáceas, aos trilobites e cistídeos, aos cefalópodes, foraminíferos e radiolários dos terrenos silurianos, o princípio espiritual atingiu os espongiários e celenterados da era paleozóica, esboçando a estrutura esquelética.
Avançando pelos equinodermos e crustáceos, entre os quais ensaiou, durante milénios, o sistema vascular e o sistema nervoso, caminhou na direção dos glanóides e teleósteos, arquegossauros e labirintodontes para culminar nos grandes lacertinos e nas aves estranhas, descendentes dos pterossáurios, no jurássico superior, chegando a época supracretácea para entrar na classe dos primeiros mamíferos, procedentes dos répteis teromorfos. Viajando sempre, adquire entre os dromatérios e anfitérios os rudimentos das reações psicológicas superiores, incorporando as conquistas do instinto e da inteligência.
Estagiando nos marsupiais e cetáceos do eoceno médio, nos rinocerotídes, cervídeos, antilopídeos, equídeos, canídeos, proboscídeos e antropoídes inferiores do mioceno e exteriorizando-se nos mamíferos mais nobres do plioceno, incorpora aquisições de importância entre os megatérios e mamutes, precursores da fauna atual da Terra, e, alcançando os pitecantropóides da era quaternária, que antecederam as embrionárias civilizações paleolíticas, a mônada vertida do Plano Espiritual sobre o Plano Físico atravessou os mais rudes crivos da adaptação e seleção, assimilando os valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, do instinto, da sensibilidade, da percepção e da preservação própria, penetrando, assim, pelas vias da inteligência mais completa e laboriosamente adquírida, nas faixas inaugurais da razão.
Comprendendo-se, porém, que o princípio divino aportou na Terra, emanado da Esfera Espiritual, trazendo em seu mecanismo o arquétipo a que se destina, qual bolota de carvalho encerrando em si a árvore veneranda que será seu futuro, não podemos circunscrever-lhe a experiência ao plano físico simplesmente considerado, porquanto, através do nascimento e morte da forma, sofre constantes modificações nos dois planos em que se manifesta, razão pela qual variados elos da evolução fogem á pesquisa dos naturalistas, por representarem estágios da consciência fragmentária fora do campo carnal propriamente dito, nas regiões extrafísicas, em que essa mesma consciência incompleta prossegue elaborando o seu veículo sutil, então classificado como protoforma humana, correspondente ao grau evolutivo em que se encontra.
é assim que dos organismos monocelulares aos organismos complexos, em que a inteligência disciplina as células, colocando-as a seu serviço, o ser viaja no rumo da elevada destinação que lhe foi traçada do Plano Superior, tecendo com os fios da experiência a tunica da própria exteriorização, segundo o molde mental que traz consigo, dentro das leis de ação, reação e renovação em que mecaniza as próprias aquisições, desde o estímulo nervoso à defensiva imunológica, construindo o centro coronário, no próprio cérebro, através da reflexão automatica de sensações e impressões, em milhões e milhões de anos, pelo qual, com o Auxílio das Potências Sublimes que lhe orientam a marcha, configura os demais centros energéticos do mundo intimo, fixando-os na tessitura da própria alma.
Contudo, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser, automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a civilização elementar do silex denuncia algum primor de técnica, nada menos de um bilhão e meio de anos. Isso é perfeitamente verificável na desintegração natural de certos elementos radioativos na massa geológica do Globo. E, entendendo-se que a Civilização aludida floreceu há mais ou menos duzentos mil anos, preparando o homem, com a benção do Cristo, para a responsabilidade, somos induzidos a reconhecer o carácter recente dos conhecimentos psicológicos, destinados a automatizar na constituição fisiopsicossomática do espírito humano as aquisições morais que lhe habilitarão a consciência terrestre a mais amplo degrau de ascensão à Consciência Cósmica.
Testo extraído do livro "Evolução em Dois Mundos" de Francisco Cándido Xavier
e Waldo Vieira, pelo espírito de André Luiz
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